Quadro da Semana: "Custódia"
"Custódia" ("Jusq'à la Garde", 2017) ⠀
Diretora de Fotografia: Nathalie Durand Diretor: Xavier Legrand ⠀ Como seria bom se todo pai ou mãe soubesse passar para um filho todo o carinho e amor que Xavier Legrand magistralmente depositou nesta sua primeira concepção cinematográfica. O estreante diretor francês já esbanjava no currículo uma indicação ao Oscar pelo seu único curta-metragem, “Avant que de tout perdre” (2013), mas foi com esse seu longa de estreia que teve sua dedicação reconhecida com o prêmio de Melhor Direção no Festival de Veneza de 2017. ⠀ Contando a história de um ex-casal que disputa judicialmente a guarda do filho mais novo, o filme já abre com a memorável cena de definição da custódia. Enquanto a juíza domina a cena com a sua voz, friamente expondo os fatos relevantes de ambos os lados, estes são quase silenciosamente observados pelo espectador, já demonstrando tudo que precisamos saber mesmo sem falarem muito. São cerca de 15 minutos que já valem todos os elogios recebidos pelo filme. ⠀ Repetindo a parceria com a atriz Léa Drucker (que estrelou seu curta) e contando com o conhecido rosto de Denis Ménochet (de "Bastardos Inglórios", 2009), Legrand soube explorar o poder do silêncio de suas atuações para o crescimento paulatino da tensão da trama. Não elogiar a performance do pequeno Thomas Gioria seria uma injustiça maior do que a vemos na tela, afinal, com uma atuação visceral e convincente, o jovem ator permite um envolvimento completo do espectador. ⠀ Culminando num desfecho que nos deixa sentados na ponta da poltrona, o mérito deste efeito está justamente na construção econômica e bem costurada do roteiro, assinado também pelo próprio Legrand. Mesmo que seja um filme em que por vezes não consigamos ver qualquer sinal de carinho ou amor (e neste sentido, vale o alerta para cenas fortes de abuso físico e psicológico), torcemos para que esse promissor talento francês continue a mostrar muito sinal deles por trás das câmeras. ⠀
