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História da Semana: A sobriedade do olhar de Ozu para a terceira idade


Dentre os filmes de Yasujirō Ozu, talvez o mais reverenciado seja o seu belo e comovente “Era uma Vez em Tóquio” (1953). Um exemplar que, como muitos outros, traz as principais características estéticas e temáticas de seu Cinema, o filme foi considerado o melhor de todos os tempos pela votação de diretores de todo o mundo promovida pela renomada revista britânica Sight & Sound em 2012. Dentre os críticos, o filme ficou com a 3ª colocação. Afinal, o que é que o filme tem de tão primoroso? Ao trazer a história de um casal de idosos que viaja para visitar seus filhos na distante capital japonesa, fica evidente que o diretor e seu corroteirista usual, Kôgo Noda, buscam um retrato das mudanças nas tradições culturais de seu país. Muito embora haja a felicidade do reencontro, aos poucos tais personagens percebem como já não são mais indispensáveis nas bem-sucedidas e corridas vidas de seus descendentes. De um diretor que nos encantou com momentos de felicidade e doçura como nos filmes ilustrados nas duas últimas semanas, também temos a sua parcela de dor e resignação pelas cobranças que o tempo nos faz. Trazendo um dos filmes mais tocantes no que se refere à terceira idade, não há aqui a intenção de romantizar ou enganar o espectador, jogando um foco bastante sóbrio sobre o valor da gratidão pelos momentos de felicidade e sobre a inerente solidão de se envelhecer.

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