72º Festival de Cannes: "Parasita", de Bong Joon-Ho, leva a Palma de Ouro e o Brasil faz h
Há poucas horas, foi concluída a 72ª edição do Festival de Cannes. O grande vencedor da Palma de Ouro foi o thriller sul-coreano "Parasita", do diretor Bong Joon-ho (foto), conhecido por trabalhos como "O Hospedeiro" (2006), "Expresso do Amanhã" (2013) e "Okja" (2017). O presidente do júri, o mexicano Alejandro González Iñárritu, deu a palavra final ao lado da diva francesa Catherine Deneuve, informando que tal escolha fora uma unanimidade dentre os membros do júri.
O "Grand Prix", equivalente ao "2º lugar" da competição, foi para o franco-senegalês "Atlantique", da diretora Mati Diop, que fora a primeira diretora negra na história da premiação a ter um filme na Seleção Oficial. O Prêmio do Júri (o "3º lugar") foi entregue a dois filmes: o francês "Les Misérables" (do diretor Ladj Ly) e o brasileiríssimo "Bacurau" (dos diretores pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles).
Os prêmios de atuação foram para a inglesa Emily Beecham, pelo drama de ficção científica "Little Joe", e para o espanhol Antonio Banderas, pelo novo filme do diretor Pedro Almodóvar, "Dor e Glória". Já os de direção e roteiro foram, respectivamente, para os irmãos Dardenne ("O Jovem Ahmed") e para Céline Sciamma ("Retrato de uma Jovem em Chamas"), que havia levado o Queer Palm um dia antes. Uma "Menção Especial" foi dada ao novo filme do diretor israelense Elia Suleiman, "It Must Be Heaven".
Apenas três anos após ter disputado a Palma de Ouro com "Aquarius" e ficado sem nenhum prêmio, o cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho conseguiu ser novamente selecionado para a disputa mais charmosa do Cinema mundial, desta vez trazendo ao seu lado o seu conterrâneo Juliano Dornelles (que havia sido diretor de arte de seus dois filmes anteriores, "O Som ao Redor" e "Aquarius") para dividir as funções de roteirista e diretor.
Em um momento sombrio e desencorajador como o que o Brasil vem enfrentando, esse sopro de valorização cultural é um tremendo incentivo para que se revigore ainda mais o significado do inegável valor da arte, que não pode ser apagado por aqueles que tem medo de seu poder questionador. Podemos não ter voltado a vencer a Palma de Ouro como em 1962 com "O Pagador de Promessas", mas levar um inédito Prêmio do Júri traz o mesmo orgulho.
Com previsão de estreia para o segundo semestre, o filme conta com nomes como Sônia Braga, Karine Teles, Silvero Pereira, Barbara Colen e o alemão Udo Kier no elenco e traz a história de um pequeno povoado chamado Bacurau que, após perder a matriarca local, desaparece do mapa e leva seus cidadãos a situações extremas e misteriosas. Elogiado pela crítica internacional porém com a ressalva de talvez trazer regionalidades que dificultem a apreciação do espectador estrangeiro, esse não pareceu ser um empecilho para o júri.
Paralelamente à Seleção Oficial, o Festival de Cannes também tem a competição da Mostra "Un Certain Regard" (ou "Um Certo Olhar"), de onde importantes filmes e cineastas já saíram premiados. Este ano teve um gosto muito especial pois o grande vencedor do prêmio de Melhor Filme de tal mostra foi o brasileiro "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão", do cearense Karim Aïnouz, um prêmio inédito para um filme de nosso país.
Contando com a produção de Rodrigo Teixeira (o nosso cada vez mais prolífico e imponente produtor que esteve por trás de filmes como "Frances Ha", "A Bruxa" e "Me Chame Pelo Seu Nome"), o filme traz um retrato da sociedade carioca da metade do século XX dos pontos de vista reprimidos da personagem-título e de sua irmã, Guida, que buscam se reencontrar anos após terem sido separadas pelo próprio pai.
Contando com nomes como Carol Duarte, Júlia Stockler, Maria Manoella, Barbara Santos, Gregório Duvivier e Fernanda Montenegro no elenco, o longa ainda não tem previsão de estreia no Brasil. Após já ter concorrido outras duas vezes em edições anteriores do festival com os filmes "Madame Satã" (2002) e "O Abismo Prateado" (2011), Aïnouz finalmente leva consigo um prêmio que orgulha e estimula o nosso Cinema, num ano certamente histórico para o Brasil em Cannes.
A lista completa de vencedores pode ser conferida logo abaixo (títulos em inglês):
Seleção Oficial
Palme d’Or: “Parasite,” Bong Joon-ho Grand Prix: “Atlantics,” Mati Diop Director: Jean-Pierre and Luc Dardenne, “Young Ahmed” Actor: Antonio Banderas, “Pain and Glory” Actress: Emily Beecham, “Little Joe” Jury Prize — EMPATE: “Les Misérables,” Ladj Ly; “Bacurau,” Kleber Mendonça Filho and Juliano Dornelles Screenplay: Céline Sciamma, “Portrait of a Lady on Fire” Special Mention: “It Must Be Heaven,” Elia Suleiman
Outros prêmios
Camera d’Or: “Our Mothers,” Cesar Diaz Short Films Palme d’Or: “The Distance Between the Sky and Us,” Vasilis Kekatos Short Films Special Mention: “Monster God,” Agustina San Martin Golden Eye Documentary Prize: “For Sama” Ecumenical Jury Prize: “Hidden Life,” Terrence Malick Queer Palm: “Portrait of a Lady on Fire,” Céline Sciamma
Un Certain Regard
Un Certain Regard Award: “The Invisible Life of Eurídice Gusmão,” Karim Aïnouz Jury Prize: “Fire Will Come,” Oliver Laxe Best Director: Kantemir Balagov, “Beanpole” Best Performance: Chiara Mastroianni, “On a Magical Night” Special Jury Prize: Albert Serra, “Liberté” Special Jury Mention “Joan of Arc,” Bruno Dumont Coup de Coeur Award: “A Brother’s Love,” Monia Chokri; “The Climb,” Michael Angelo Covino
Directors' Fortnight
Society of Dramatic Authors and Composers Prize: “An Easy Girl,” Rebecca Zlotowski Europa Cinemas Label: “Alice and the Mayor,” Nicolas Parisier Illy Short Film Award: “Stay Awake, Be Ready,” An Pham Thien
Semana da Crítica
Nespresso Grand Prize: “I Lost My Body,” Jérémy Clapin Society of Dramatic Authors and Composers Prize: César Díaz, “Our Mothers” GAN Foundation Award for Distribution: The Jokers Films, French distributor for “Vivarium” by Lorcan Finnegan Louis Roederer Foundation Rising Star Award: Ingvar E. Sigurðsson, “A White, White Day” Leitz Cine Discovery Prize for Short Film: “She Runs,” Qiu Yang Canal Plus Award for Short Film: “Ikki Illa Meint,” Andrias Høgenni
FIPRESCI
Seleção Oficial: “It Must Be Heaven” (Elia Suleiman) Un Certain Regard: “Beanpole” (Kantemir Balagov) Directors’ Fortnight/Semana da Crítica: “The Lighthouse” (Robert Eggers)
CINÉFONDATION
Primeiro lugar: “Mano a Mano,” Louise Courvoisier Segundo lugar: “Hiéu,” Richard Van Terceiro lugar — EMPATE: “Ambience,” Wisam Al Jafari; “Duszyczka” (The Little Soul), Barbara Rupik
Fonte: variety.com