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Crítica da Semana: "Destacamento Blood"


"Destacamento Blood" (“Da 5 Bloods”, 2020)


Direção: Spike Lee

Disponível em: @netflixbrasil

O diretor Spike Lee já entregou ao mundo um conjunto de filmes e documentários que, com maior ou menor sucesso, carregam consigo uma de suas maiores marcas: o empolgante equilíbrio entre o entretenimento envolvente e a denúncia política. Não podia haver um momento mais propício para o lançamento deste seu "Destacamento Blood", disponível desde a última sexta-feira (12/06) na Netflix, do que este por que passam os Estados Unidos e o mundo com a deflagração das novas manifestações do #BlackLivesMatter.

Sendo mais um de seus "lances" cinematográficos que já exibem as características militantes desde os minutos iniciais, sem quaisquer sutilezas ou restrições quanto a imagens impactantes de violência, isso já dá o tom da revolta que é mais do que justificado como linha de condução para o filme. Subsequentemente, acompanhamos os 4 veteranos negros da guerra do Vietnã em sua viagem de volta ao país para recuperar os restos mortais do 5º integrante do grupo (assim como um certo tesouro de especial significado para eles).

Se essa trama pode parecer às vezes previsível e repetitiva, ela vai se desenrolando mais rápido do que imaginamos para evoluir para momentos de tirar o fôlego, algo mais do que facilitado pelo ótimo e diverso elenco. Não há como não destacar a arrepiante performance de Delroy Lindo, exibindo as sequelas do transtorno de estresse pós-traumático de forma crescente a ponto de quebrar a quarta parede e nos fazer sentir sua dor, numa das cenas mais excepcionais da carreira do ator (e do diretor).

Particularmente, o filme não atinge o mesmo patamar de perfeição daquele equilíbrio de filmes como "Faça a Coisa Certa" (1989) e "Infiltrado na Klan" (2018), algo que percebo pelo ritmo problemático (e delongado) em sua primeira hora e pelo descompasso entre algumas cenas e a trilha sonora instrumental de Terence Blanchard. No entanto, nada pode diminuir a importância de sua mensagem questionadora do insistente status quo opressor de sua época, algo que reforça um dos mais emblemáticos papéis da arte, aqui executado com inegável perfeição.

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