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Quadro da Semana: "Era uma Vez em Tóquio"


"Era uma Vez em Tóquio" ("Tôkyô monogatari", 1953)


Diretor de Fotografia: Yûharu Atsuta Diretor: Yasujirô Ozu Uma das atrizes mais famosas da história do Cinema Japonês foi relembrada mundialmente nesta data por marcar o que seria o seu aniversário de 100 anos (17 de junho de 1920). Setsuko Hara (no meio da foto) já nos deixou em 2015 (com a invejável idade de 95 anos), mas as suas contribuições cinematográficas seguem eternamente admiradas. Com quase 30 anos de carreira e mais de 100 títulos em sua filmografia, ela é facilmente associada ao diretor Yasujirô Ozu, cujos filmes são os mais famosos e aclamados na carreira da atriz. Aliás, ela decidiu interromper sua carreira pouco após a morte de seu mentor, quando tinha apenas 43 anos, o que levou a reações adversas de incompreensão pela imprensa e por seus fãs. Tendo também trabalhado com nomes como Akira Kurosawa, Mikio Naruse e Hiroshi Inagaki, a conta de filmes com Ozu foi de apenas 6 títulos, um número que até pode ser pequeno em relação à ampla filmografia, mas com a inegável sensibilidade inerente a Ozu eles são mais do que emblemáticos em sua carreira. Metade deles são considerados integrantes da trilogia "Noriko", mesmo nome de suas diferentes personagens em três adoráveis filmes: "Pai e Filha" (1949), "Também Fomos Felizes" (1951) e o homenageado nesta postagem, "Era uma Vez em Tóquio" (1953), considerado por muitos não apenas o melhor filme do diretor e da atriz, mas também o melhor de todos os tempos (como resultado de uma votação de diretores promovida pela renomada revista britânica Sight & Sound em 2012). Ao trazer a história de um casal de idosos que viaja para visitar seus filhos na distante capital japonesa, fica evidente que o diretor e seu corroteirista usual, Kôgo Noda, buscam um retrato das mudanças nas tradições culturais de seu país. Muito embora haja a felicidade do reencontro, aos poucos tais personagens percebem como já não são mais indispensáveis nas bem-sucedidas e corridas vidas de seus descendentes. Com sua parcela de dor e resignação pelas cobranças que o tempo nos faz, é facilmente um dos filmes mais tocantes no que se refere à terceira idade, não havendo a intenção de romantizar ou enganar o espectador, mas sim de jogar um foco bastante sóbrio sobre o valor da gratidão pelos momentos de felicidade e sobre a inerente solidão de se envelhecer.

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